Chico canta e encanta no Teatro Riachuelo

O espetáculo "Chico", apresentado nesta segunda-feira (28) e terça-feira (29) pelo compositor, poeta, escritor, músico e cantor Chico Buarque de Holanda, ficará marcado para sempre na história do Teatro Riachuelo. No palco, após 27 anos sem se apresentar aos natalenses, a platéia dos amantes e apreciadores de suas canções encontrou umChico Buarque que, aos seus 68 anos de idade, mostra todo o seu vigor musical e sua voz como nos anos sessenta, quando iniciou sua carreira. 

A turnê “Chico”, que marcou seu início nacional em Belo Horizonte, no Teatro Palácio dasArtes (5 a 8 de novembro de 2011), chega a seu final com estas duas apresentações em Natal.Neste período a tournée que leva o nome do último disco do compositor, 'Chico', lançado em julho de 2011 pela gravadoraBiscoito Fino, já passou por nove cidades (Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador e Fortaleza, assistido por mais de 125 mil pessoas, fora as 3 mil que compareceram no Teatro Riachuelo. 

O que mais me chamou a atenção em "Chico" foi a presença maciça da geração jovem. Muitas delas e deles repetiram o mesmo mote da geração dos anos sessenta, agora vivendo na geração de idosos, como eu, que cantarolavam a maioria das canções do grande mestre da MPB. Para minha surpresa, o público o acompanhou em "Sinhá", no "iêrerê, rêrê", criado pelo seu parceiro João Bosco no CD "Chico". Aliás, Chico Buarque mantem este dom natural, embora tímido por natureza (constatei isso quando o entrevistei na década de 60 como repórter da Rádio Planalto/AM, em Brasília, ao me receber na sua suite no Brasília Palace Hotel), consegue encantar a sua platéia com a sua voz e suas canções.

Registro, além do seu profissionalismo e respeito ao público (sempre agradece os aplausos, apresenta e pede o reconhecimento aos músicos que o acompanham), uma inovação em "Chico", quando pega o microfone e caminha pela beirada do palco, como se quisesse aproximar mais das pessoas. Foi um grande momento no show que apresentou em Natal. E a classe feminina entendeu o recado e se aproximou com seus smarthfones e câmeras, fazendo que o artista caminhasse por todo o palco, esquecendo um pouco a sua timidez. 

Os músicos que acompanhou Chico Buarque na turnê – a sexta em 36 anos – foram os mesmos dos últimos shows. O maestro e violonista Luiz Claudio Ramos, fiel parceiro há 39 anos, regeu o time formado por João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Wilson das Neves (bateria), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (contrabaixo) e Marcelo Bernardes (flauta e sopros). 

Aqui merecem destaque alguns desses músicos. Wilson das Neves (na foto durante a gravação do CD CHICO), tratado carinhosamente por Chico Buarque como "das Neves", é músico, compositor, cantor e baterista e pertence à Velha Guarda da Império Serrano, além de ter uma longa e histórica presença na MPB. Chico Batera é baterista, percussionista e acompanha Chico Buarque em shows e gravações desde a década de 70 e em sua trajetória gravou com Michel Legrand, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Quincy Jones, Tom Jobim, The Doors e tantos outros cantores e músicos. Finalmente, Jorge Helder, baixo acústico e seu parceiro na canção "Rubato" do "Chico". 

O cenário foi um detalhe à parte. Reproduzia em dimensões gigantes um desenho deOscar Niemeyer (A Mulher Nua) e duas pinturas de Cândido Portinari (O Bloco Carnavalesco e O Circo), além de uma escultura móvel de uma Fita de Möbius, objeto topológico utilizado em estudos matemáticos. O palco era iluminado por projeções que interagiam com a cenografia e os músicos, cujos figurinos foram inspirados nas cores das telas.

"Foi incrível a sensação de tê-lo visto ao vivo, ali na minha frente, cantando e personificando tudo o que sempre ouvi e que tanto me emociona. Tímido e simples com a música de escudo, suficiente e capaz de dizer tudo que a gente espera dele. Sou cada dia mais fã de Chico Buarque", afirma a cantora potiguar Camila Masiso (foto) após assistir na terça-feira a apresentação de "Chico".

Com fotos e informações de Juliana Corbari (Assessoria de Imprensa do Teatro Riachuelo), gravadora Biscoito Fino e de Camila Masiso. 


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