A Polícia Federal no Rio Grande do Norte concluiu nesta quarta-feira (4) a "Operação Pichadores Virtuais", que havia sido deflagrada no início desta semana, com apoio da 3ª Vara da Infância e Juventude de Natal e do Ministério Público Estadual, mas que não havia sido divulgada até então para não atrapalhar os desdobramentos da investigação iniciada há três meses. Por trás de nicknames (apelidos), estão dois adolescentes responsáveis por ataques virtuais contra mais de 40 páginas eletrônicas no RN. Ambos foram identificados e prestaram depoimentos na sede da PF em Natal. Disseram ter hackeado os sites para "obter reconhecimento" e, também, como "desafio intelectual".
Divulgação/PFAs investigações da Operação Pichadores Virtuais duraram três meses, e a polícia recolheu equipamentos que comprovam os ataques
Os jovens acrescentaram ainda que a motivação era a de lutar contra a corrupção, pichando frases e colocando suas próprias marcas nas páginas invadidas. Os atos infracionais praticados pelos invasores configuram os seguintes ilícitos penais: atentado contra a segurança e funcionamento de serviço de utilidade pública, dano qualificado e divulgação de segredo.
No início desta semana, foi dado cumprimento às ordens judiciais expedidas pela Justiça contra os dois menores de 14 e 16 anos. Para consumar os delitos, os adolescentes acessavam indevidamente as páginas das vítimas, que eram de diversos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, e várias instituições privadas.
Os infratores também divulgaram na internet dados sigilosos como: informações pessoais, senhas de milhares de funcionários públicos, de usuários de uma conhecida rede social, de um organismo internacional e de inúmeras empresas privadas, algumas com abrangência em todo o território nacional, cujos atos causaram diversos transtornos para a sociedade.
Alguns websites atacados, além de terem tido a exposição indevida de seus conteúdos sigilosos, também tiveram informações apagadas. O estrago foi considerado tão significativo que até hoje determinados sítios ainda se encontram fora do ar. A "Operação Pichadores Virtuais" perdurou três dias de forma velada com o objetivo de garantir a ampla colheita de provas em complemento ao que já tinha sido apurado nos autos do inquérito policial instaurado. Tal investigação sobre a onda de invasão praticada pelos envolvidos decorre desde março deste ano, sendo que os autos correm em segredo de justiça.
Conduzidos para a sede da Superintendência da Polícia Federal, os adolescentes foram ouvidos na presença dos seus responsáveis legais, tendo confessado a prática dos atos.
Segundo relataram, as invasões ocorreram porque um deles descobriu, utilizando um programa disponível na internet, as senhas do administrador dos sites. De posse dessas senhas, ambos iniciaram os ataques. Admitiram, igualmente, serem simpatizantes de determinado grupo de hackers.
As investigações seguem conduzidas pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF no RN, apoiado pelo Setor de Perícias Técnicas da instituição e, quando concluídas, os autos serão remetidos à 3ª Vara da Infância e Juventude de Natal/RN e ao Ministério Público Estadual para as providências legais previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Os adolescentes, que permanecem sob a responsabilidade dos pais, poderão ser submetidos às medidas socioeducativas previstas em lei.
A "Operação Pichadores Virtuais" foi assim intitulada pelo fato dos envolvidos invadirem e picharem as páginas eletrônicas com conteúdo relacionado à divulgação de contas de twitters, com o objetivo de não só danificar aqueles sítios, mas, principalmente, obter fama e reconhecimento pelos atos.
Dentre os sites atacados durante o mês de março deste ano, estavam o da Federação Norte-riograndense de Futebol, da OAB-RN, do vereador Júlio Protásio, da Prefeitura de Pedro Avelino, dentre outros.
Fonte: TNOnline
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