quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sociedade reivindica melhorias no sistema de Saúde


Moradores da comunidade do Leningrado e estudantes de Direito participaram do ato público realizado hoje em frente à Secretaria de Saúde Pública do Estado - Foto: Heracles Dantas
Estudantes universitários do Centro Acadêmico de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com apoio da Comissão de Direito à Saúde da OAB/RN, do Centro de Referencia de Direitos Humanos e da comunidade do Leningrado promoveram na manhã de hoje um ato público em defesa da Saúde. A mobilização ocorreu em frente à sede Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), na Avenida Deodoro, no centro da cidade.
De acordo com presidente do CA de Direito da UFRN, Lucas Sidrin, o protesto é uma forma de mobilizar a população e chamar a atenção do Ministério Público para a atual situação da Saúde estadual e municipal. “Recentemente uma criança aguardou mais de sete horas por atendimento e acabou falecendo por causa de um serviço precário e ineficiente. O Ministério Público fez um levantamento e apontou que 201 pessoas faleceram nos meses de maio e junho, sendo 40 dessas mortes por falta de leitos. É um descaso. Também cobramos mais transparência no orçamento destinado à saúde. A saúde pública está matando em vez de curar”, disse o universitário.
Daniela Rodrigues, do Centro de Referência dos Direitos Humanos, cobra mais políticas públicas efetivas para a resolução do caos na Saúde. “A situação é caótica e atinge desde os serviços básicos aos hospitais de alta e média complexidade. Nosso interesse é apoiar um ato pela Saúde do Rio Grande do Norte, pela vida e dignidade humana. Não podemos permitir que a população morra por falta da aplicação adequada de recursos. Escutamos médicos dizendo que crianças morrem nos braços de técnicos em enfermagem”, afirmou.
Vários moradores da comunidade do Leningrado, na zona Oeste de Natal, onde mora a família de Vitória Ester Pereira de Andrade, de 1 ano e três meses – que faleceu no dia 26 de maio por falta de atendimento necessário, após ter passado pelo Hospital Sandra Celeste e pelo Walfredo Gurgel – também participaram do ato público.
Cícero Andrade, pai de Vitória, foi um dos responsáveis pela mobilização da comunidade. “Quero convocar as famílias para que não deixem acontecer com seus filhos o que aconteceu com minha filha. Faz 15 dias que a perdi. Ficamos sete horas no Hospital Sandra Celeste e fomos informados pelo Samu que tinha uma vaga no Walfredo. Chegando lá, minha filha ficou no corredor da enfermaria e acabou falecendo. Nossa voz não vai calar e vamos continuar com protestos”.
Francisca Dalva, também moradora da comunidade do Leningrado, reclamou da falta de atendimento básico no lugar. “O posto do Guarapes está fechado há três anos e temos que ir para o Planalto. Tivemos que fazer uma parceria com a AME de lá para garantir, de 15 em 15 dias, cerca de 80 a 90 consultas para a comunidade. Queremos posto de saúde funcionado e com médicos. Isso é o básico”.
Elke Cunha, membro da Comissão de Direito da Saúde da OAB/RN, acredita que a saúde vive um momento de calamidade. “Queremos buscar uma solução em conjunto, mas somos favoráveis à decretação de calamidade pública, que traz um apoio mais efetivo e rápido do Governo Federal. Recursos são enviados pelo Governo Federal e mal geridos pelo Estado e outros até não vêm por falta de projetos. Um dos oito pontos propostos pelo Fórum da Saúde trata da implantação de uma Central de Regulação. Desde 2007 veio mais de R$ 1 milhão para a implantação da central, mas até agora nada”.
Fonte: Portal JH

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