“O que queremos é tentar dar um basta a essas ações que se tornaram eventos e não ações de uma política cultural séria que deveria ser feita pela Fundação José Augusto. O que está gestão está fazendo é impor uma enxurrada de editais e que definitivamente não atendem o que as categorias culturais querem ou realmente necessitam. Já a Capitania das Artes nessa gestão não tem jeito mesmo não! O jeito é esperar que chegue o final do ano e acabe o mandato de Micarla. Diante desta situação é que a Rede Potiguar de Teatro decidiu se pronunciar através deste ato público”, declarou a diretora de teatro Ivonete Albano.
Com ventiladores em suas mãos e outros espalhados pelo chão o grupo de atores e atrizes realizou ontem durante o dia inteiro o ato público “Cultura não É Vento” em frente da Fundação José Augusto (foto), Teatro Municipal Sandoval Wanderley (que continua fechado); Teatro Alberto Maranhão e no Centro Experimental de Teatro.
O objetivo é tentar abrir mais uma vez o diálogo com a gestão atual de cultura do Governo do Estado e quem sabe ser ouvido. “A classe artística encontra-se indignada e decepcionada com o formato das políticas públicas impostas pelo Governo do Estado e a Prefeitura de Natal. Estamos aqui questionando principalmente é a falta de participação das categorias organizadas de teatro, de dança, de música, de artes visuais, entre outros, onde estes editais são feitos a revelia a classe artística só tomam conhecimento quando já está para consulta pública e o que já foi constatado que estes editais não atendem e que ficam bem distante do que deveria ser um edital de política cultural”, declara.
Ivonete, diz ainda que, “Para se ter uma idéia não somos convidados no processo de elaboração destes editais. Já tentamos de todas as formas abrir esse dialogo e não tivemos sucesso. Já enviamos até uma carta para a governadora Rosalba Ciarline com propostas onde mostrava as reais necessidades do segmento o que também não teve êxito. O Governo do Estado, a Secretária Extraordinária de Cultura e a Fundação José Augusto definitivamente fazem uma gestão publica sem ouvir e ignorando o segmento e a sociedade”.
Ao ser questionar se eles são contra os editais, ela explica que “nós queremos os editais. Mas, editais que contemplem as nossas reais necessidades. Só como exemplo, o edital do Teatro Alberto Maranhão que é direcionado para os novos talentos, onde coloca a possibilidade de dois grupos se apresentarem numa mesma noite em troca de uma pauta. Isto é, se numa mesma noite e no mesmo palco acontecem dois espetáculos como é possível se primar por uma boa iluminação, uma boa cenografia, entre outros, já que se tem que dividir o palco com outro grupo. Sem contar, que o edital não contempla a divulgação e como vai ser para formar platéia já que também o dia destinado é na terça-feira? Outro ponto que este edital não deixa claro é quanto a parte técnica porque se o grupo quiser montar sua iluminação durante o dia tem que pagar hora extra para os técnicos e diante disso como é que fica? É importante consultar quem realmente faz cultura para se ter uma noção melhor do que colocar nos editais”.
Durante o ato público os atores lembravam de outros pontos importantes que deveriam ser lembrados, como o Teatro Sandoval Wanderley que continua fechado desde 2009 por problemas estruturais e a reforma ainda não ter sido realizada mesmo com os recursos necessário já estarem disponíveis desde novembro do ano passado. “Sem contar, que corre o risco de serem devolvidos ao Ministério da Cultura por falta de documentação e um projeto executivo”.
“A Fundação José Augusto e o Governo do Estado sempre que recebe criticas publicam uma carta afirmando que fazem muito pela cultura do RN. Mas, o próprio documento (porque sempre é a mesma carta muda uma coisinha aqui outra ali) mostra a ineficiência e o egocentrismo desta gestão. A FJA está se transformando num fazedor de eventos. E, o que estamos lutando é por uma ação de Estado onde os bons programas culturais fiquem e não acabem quando termine uma gestão. Um bom exemplo é o edital Miriam Muniz do Governo Federal que é algo consistente. É isso que queremos uma política cultural séria e não eventos”, declara.
Esta ação vem confirmar o que a atriz potiguar Titina Medeiros que está no elenco da novela Cheias de Charme na TV Globo declarou em entrevista a Folha de São Paulo no último final de semana. “Parece até que a gente tinha conversado com ela. Mas, foi tudo coincidência. Este ato já estava programado para acontecer a cerca de um mês. Mas, como os anseios, as necessidades, as perspectivas e as decepções são praticamente as mesmas. Então, Titina retratou o que se passa com a cultura do Rio Grande do Norte. E, ao ver a sua entrevista pensamos pronto a nossa ação já começou e na próxima semana vai acontecer em Mossoró e o objetivo é que a cada vez que o movimento for tomando corpo passe acontecer em outros municípios. Enfim, é uma ação a nível de estado”, disse Ivonete Albano.
E, conclui a entrevista concedida para O JORNAL DE HOJE, deixando bem claro que, “nós artistas não estamos com o pires na mão. O que não queremos é retroceder já que estamos evoluindo a nível nacional. O Plano de Cultura está para ser implantado”. Diante de toda essa situação uma frase do arte educador, dramaturgo, diretor de teatro e ator Henrique Fontes retrata de forma franca e direta as atuais gestões publicas, quando afirma que, “Cultura de evento é vento”.
Fonte: JH Online
0 comentários:
Postar um comentário