quinta-feira, 15 de março de 2012

Hoje completa 11 anos da tragédia com a P-36. Onze petroleiros mortos, apenas dois sepultados


Publicado em Memória
Fotos: CZO
A tragédia da P-36 – então maior plataforma de produção de petróleo do mundo -, que afundou na Bacia de Campos, causando a morte de 11 petroleiros, completa hoje (15) 11 anos.
No aeroporto de Macaé (RJ), houve ato público que marcou o início de atividades dos petroleiros do Norte Fluminense para relembrar o infortúnio, com participação de diretores da Federação Única dos Petroleiros (FUP), do Sindipetro-NF e familiares das vítimas, entre eles nove viúvas.
Duas das viúvas discursaram em tom de emoção.
Luzineide Maria Santana Lima , viúva de Emanuel Portela Lima. Mora em Salvador

Coube a Marilena Sousa, viúva de Josevaldo Dias Sousa, um dos momentos de mais emoção. Leu a poesia que fez, exatamente no horário em que se completava 11 anos do acidente.
Eis a poesia: 
Segurança Insegura
Esta segurança tão insegura
Que assusta, assalta e assassina
Este progresso tão regresso
Que agiganta, avança e manca
O lema é conquistar
Descobrir, perfurar e explorar
Encobrir, esconder e mascarar
Arriscar, emendar e assustar
Mercandejam vidas
Leiloam os poços
Discutem políticas
Terceirizam o que é nosso
É gente vinda de toda parte
Nossos mares povoado pelas gentes
Estrangeiros recebidos com festa
Nacionais ficam com o que resta
Mais difícil controlar a VIDA
Conter a morte que pede passagem
É a busca pelo ouro negro
A insegurança encontra hospedagem
Quanto a nós, aqui de novo estamos
Nos encontrando por um motivo insano
Onze anos, Onze vidas
Que de esquecer nos recusamos
Nos perguntam o que queremos enfim
Se a dor não nos dói
Se constrangidos não ficamos
A nossa resposta é um Sim
Dizemos Sim para o não esquecimento
Dizemos Sim para este momento
Pois não queremos que o tempo
Emudeça a nossa luta, enfraqueça o movimento
A nossa luta é pela VIDA
A nossa briga contra a insegurança
A nossa inimizade é contra a ganância
Que insaciável marcha, marca e mata
Sem dar a VIDA a menor importância
Marilena Sousa
Viúva do petroleiro Josevaldo Dias Sousa, uma das vítimas da P-36
Em tempo: Somente na região da Bacia de Campos, até o ano passado, 74 petroleiros já morreram em acidentes de trabalho no setor petróleo. Em todo o país, o número chega a 145, segundo diretores do Sindipetro-NF.
Aqui, a grita dos petroleiros.
Aqui, matéria na revista Veja que revela as suspeitas de negligência da Petrobras para evitar a tragédia.
E as fotos das vítimas que a revista publicou:
Resgate impossível
Das onze famílias que perderam parentes na explosão da P-36, apenas duas puderam enterrar seus mortos. As outras nove tiveram de se conformar com o sobrevôo da área onde a plataforma afundou. A Petrobras considera impossível recuperar os corpos que estão submersos, devido à grande profundidade e ao tempo que já se passou desde o acidente.
Laerson Antônio dos Santos, 40 anos, casado, três filhos, operadorLuciano Cardoso Souza, 46, casado, quatro filhos, operadorMário Sérgio Matheus, 40, casado, três filhos, técnico de segurançaGeraldo Magela Gonçalves, 41, casado, dois filhos, técnico de segurançaAdilson Almeida de Oliveira, 33, casado, sem filhos, operador
Emanoel Portela Lima, 40, casado, dois filhos, operadorErnesto de Azevedo Couto, 43, casado, três filhos, operadorJosevaldo Dias de Souza, 38, casado, dois filhos, operadorCharles Roberto de Oliveira, 34, casado, dois filhos, auxiliar de plataforma
Só dois enterrados
Sérgio dos Santos Sousa, 34, casado, um filho, mecânicoSérgio Santos Barbosa, 41, casado, três filhos, operador de produção
Fonte: TNOnline

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