Publicado em Memória
A tragédia da P-36 – então maior plataforma de produção de petróleo do mundo -, que afundou na Bacia de Campos, causando a morte de 11 petroleiros, completa hoje (15) 11 anos.
No aeroporto de Macaé (RJ), houve ato público que marcou o início de atividades dos petroleiros do Norte Fluminense para relembrar o infortúnio, com participação de diretores da Federação Única dos Petroleiros (FUP), do Sindipetro-NF e familiares das vítimas, entre eles nove viúvas.
Duas das viúvas discursaram em tom de emoção.
Coube a Marilena Sousa, viúva de Josevaldo Dias Sousa, um dos momentos de mais emoção. Leu a poesia que fez, exatamente no horário em que se completava 11 anos do acidente.
Eis a poesia:
Segurança Insegura
Esta segurança tão insegura
Que assusta, assalta e assassina
Este progresso tão regresso
Que agiganta, avança e manca
Que assusta, assalta e assassina
Este progresso tão regresso
Que agiganta, avança e manca
O lema é conquistar
Descobrir, perfurar e explorar
Encobrir, esconder e mascarar
Arriscar, emendar e assustar
Descobrir, perfurar e explorar
Encobrir, esconder e mascarar
Arriscar, emendar e assustar
Mercandejam vidas
Leiloam os poços
Discutem políticas
Terceirizam o que é nosso
Leiloam os poços
Discutem políticas
Terceirizam o que é nosso
É gente vinda de toda parte
Nossos mares povoado pelas gentes
Estrangeiros recebidos com festa
Nacionais ficam com o que resta
Nossos mares povoado pelas gentes
Estrangeiros recebidos com festa
Nacionais ficam com o que resta
Mais difícil controlar a VIDA
Conter a morte que pede passagem
É a busca pelo ouro negro
A insegurança encontra hospedagem
Conter a morte que pede passagem
É a busca pelo ouro negro
A insegurança encontra hospedagem
Quanto a nós, aqui de novo estamos
Nos encontrando por um motivo insano
Onze anos, Onze vidas
Que de esquecer nos recusamos
Nos encontrando por um motivo insano
Onze anos, Onze vidas
Que de esquecer nos recusamos
Nos perguntam o que queremos enfim
Se a dor não nos dói
Se constrangidos não ficamos
A nossa resposta é um Sim
Se a dor não nos dói
Se constrangidos não ficamos
A nossa resposta é um Sim
Dizemos Sim para o não esquecimento
Dizemos Sim para este momento
Pois não queremos que o tempo
Emudeça a nossa luta, enfraqueça o movimento
Dizemos Sim para este momento
Pois não queremos que o tempo
Emudeça a nossa luta, enfraqueça o movimento
A nossa luta é pela VIDA
A nossa briga contra a insegurança
A nossa inimizade é contra a ganância
Que insaciável marcha, marca e mata
Sem dar a VIDA a menor importância
A nossa briga contra a insegurança
A nossa inimizade é contra a ganância
Que insaciável marcha, marca e mata
Sem dar a VIDA a menor importância
Marilena Sousa
Viúva do petroleiro Josevaldo Dias Sousa, uma das vítimas da P-36
Viúva do petroleiro Josevaldo Dias Sousa, uma das vítimas da P-36
Em tempo: Somente na região da Bacia de Campos, até o ano passado, 74 petroleiros já morreram em acidentes de trabalho no setor petróleo. Em todo o país, o número chega a 145, segundo diretores do Sindipetro-NF.
Aqui, a grita dos petroleiros.
Aqui, matéria na revista Veja que revela as suspeitas de negligência da Petrobras para evitar a tragédia.
E as fotos das vítimas que a revista publicou:
Resgate impossível
Das onze famílias que perderam parentes na explosão da P-36, apenas duas puderam enterrar seus mortos. As outras nove tiveram de se conformar com o sobrevôo da área onde a plataforma afundou. A Petrobras considera impossível recuperar os corpos que estão submersos, devido à grande profundidade e ao tempo que já se passou desde o acidente.
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Laerson Antônio dos Santos, 40 anos, casado, três filhos, operador | Luciano Cardoso Souza, 46, casado, quatro filhos, operador | Mário Sérgio Matheus, 40, casado, três filhos, técnico de segurança | Geraldo Magela Gonçalves, 41, casado, dois filhos, técnico de segurança | Adilson Almeida de Oliveira, 33, casado, sem filhos, operador |
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