São Paulo (AE) - O aumento de 14,13% no salário mínimo no ano que vem vai colocar cerca de R$ 47 bilhões em circulação no País, aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em nota técnica divulgada ontem. No Rio Grande do Norte, o reajuste vai representar um incremento de R$ 1,1 bilhão na economia e de R$ 527 milhões na arrecadação tributária sobre o consumo. Descontada a inflação estimada para 2011, o aumento real do salário deve ser de 9,2%. A partir de janeiro, o valor passa dos atuais R$ 545 para R$ 622.
Aldair DantasPoder de compra do trabalhador será equivalente a 2,8 cestas básicas
"Considerando a série histórica e trazendo os valores médios anuais para reais de 1º de janeiro de 2012 (deflacionados por projeção do ICV- estrato inferior), o valor de R$ 622,00, em 1º de janeiro de 2012, será o maior valor real da série das médias anuais desde 1984", observa o Dieese. Cerca de 48 milhões de pessoas têm sua renda vinculada ao valor do salário mínimo e, portanto, serão diretamente beneficiadas com o aumento. Desse total, 1,1 milhão de pessoas estão no RN.
Com o valor do salário mínimo em R$ 622 e a cesta básica de janeiro estimada em R$ 220,14 (média dos últimos onze meses - jan-nov/2011), o Dieese calcula que o salário mínimo terá então um poder de compra equivalente a 2,8 cestas básicas. A quantidade é a maior registrada desde 1979.
PREVIDÊNCIA
O impacto do aumento será sentido principalmente por servidores públicos municipais das regiões Norte e Nordeste. Do lado do governo, o reajuste vai provocar um aumento de R$ 19,8 bilhões na folha da Previdência Social, ou seja, para cada R$ 1 acrescido no salário mínimo o custo dos benefícios cresce em R$ 257 milhões. O peso relativo da massa de benefícios equivalentes a 1 salário mínimo é de 46% da folha da Previdência e isso corresponde a 68,2% do total de beneficiários, afirma o Dieese. A contrapartida para o governo é um aumento estimado em R$ 22,9 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo.
O aumento vai resultar em impactos menos expressivos na folha salarial do serviço público federal e estadual do que nos gastos dos municípios com seus funcionários. Apenas 0,97% dos servidores da União recebem hoje até R$ 545. No caso do quadro estadual, esse montante passa para 4,40%. Na administração municipal, porém, 12,33% dos servidores recebem até esse valor. A fatia de servidores nesta faixa salarial é maior nas regiões Nordeste (22,65%) e Norte (17,90%). Na distribuição geral dos postos de trabalho do País, 50,6% do total de 87.923.586 brasileiros empregados recebem até um salário mínimo. No Nordeste esse contingente chega a 73,8% dos trabalhadores, no Norte a 63,2%, no Centro-Oeste a 45,5%, no Sudeste a 39,5% e no Sul a 37,8%.
Fonte: DIEESE
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