A cantora e compositora Mariane Matoso lança seu primeiro CD autoral, Sinestesia, com a proposta de aguçar os sentidos dos ouvintes para novas realidades. A obra se alinha no front de resistência da boa música, que precisa triunfar em um mercado que privilegia sucessos de fácil digestão em vez de apurar o gosto do público com som que dá o que pensar.
Por Christiane Marcondes*
Há bebês que dormem com velhas canções de ninar, sussurradas pela mãe, poucas vão para o berço com trilha sonora ao vivo de Noel, Cartola, Chico e Tom, como aconteceu com Mariane Matoso. Ela cresceu ouvindo os amigos dos pais tocando e cantando em saraus que varavam a noite.
Aos 12 anos, harmonizou seu próprio caminho com o da música, foi estudar na escola do Zimbo Trio onde aprendeu piano popular e flauta doce. Estudou também saxofone e violão.
Os instrumentos a impulsionaram no rumo da composição. Tornou-se cantora e criou um destino próprio, paralelo ao da mãe, professora de piano e musicalização. Até o dia em que resolveu gravar o primeiro CD. E uma das faixas mais comentadas tem letra sua e música de Johnny Alf. O músico deu a partitura à mãe de Mariane em 1997, com a dedicatória “vamos em frente que o Tom é nosso”.
Mariane foi em frente, estava grávida do primeiro filho, que batizou com o nome de Tom e, assim, usou a música de Alf para compor um acalanto para seu bebê. Criativamente, “Tom” se tornou duplamente seu, no menino que hoje tem dois anos e na música que integra o repertório de “Sinestesia”.
Diz que sua maior influência é a MPB e seus clássicos autores, também jazz, mas gosta de ouvir a turma da sua geração e alguns nomes alternativos como Tony Horta, Rosa Passos e Guinga, “mais ousados”, explica a artista.
Tanto no trabalho de intérprete como no de compositora, Mariane busca elementos que abarquem a diversidade cultural do brasileiro. A opção atende à bandeira que levanta na vida, garantir “a sobrevivência e continuidade da MPB frente à mediocridade e ao ataque da indústria do entretenimento”.
Sinestesia cumpre bem esse papel, tem deliciosas surpresas e consegue, conforme planejou Mariane, despertar “ os sentidos de quem escuta para novas experiências, percepções, visões de mundo”. Trabalhou em boa companhia, com jovens talentos da música instrumental, conseguindo arranjos inovadores.
O CD, lançado em agosto, já tem carreira em shows, os próximos, no formato pocket, serão apresentados em setembro, na FNAC Morumbi, dia 09, e no Tom Tom Jazz, dia 25. Esse último evento reunirá novos nomes da música, a moçada da geração de Mariane que, como ela, já está dando o que falar.
Com a obra, a compositora e cantora fecha um ciclo familiar e oferece ao seu pequeno “Tom” um espaço de crescimento com o mesmo cenário musical e criativo onde ela cresceu: “Ele já sabe cantar”, diz a mãe coruja.
Certamente, para o menino cantar, a música ajuda, é das boas. “Sinestesia é uma troca de experiência criativa e enriquecedora de um coletivo musical que se reuniu para trocar, concretizar e crescer junto”, conta Mariane.
O CD conta com as participações de Luciana Romanholi, Rodrigo Braga, Rafael Mota, Yuri Steinhoff, Moacyr Bedê, Peter Mesquita, Adriano Adewale, Marcos Ferreira, Fernando Cavalieri, Ubaldo Versolato, Renata Versolato, João Cristal e David Del Dono Filho.
Serviço:
Sinestesia, o show
O show de lançamento do disco tem direção de Antonio Correa Neto. No roteiro da apresentação, algumas canções consagradas da MPB, poemas e textos selecionados que sensibilizam os sentidos compõe o repertório além das músicas do Cd.
Ficha Técnica
Concepção: Mariane Mattoso e Antonio Correa Neto
Direção: Antonio Correa Neto
Voz: Mariane Mattoso
Violão e guitarra: Luciana Romanholi
Piano: Rodrigo Braga
Baixo: Peter Mesquita
Percussão: Rafael Mota
Flauta transversal, clarinete e sax: Ubaldo Versolato
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