sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Festival de Cinema e Direitos Humanos chega a 27 capitais

Um total de 47 filmes, incluindo títulos inéditos no país, estão na programação da 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que começa no dia 10 de outubro e chega este ano, além de Brasília, às 26 capitais brasileiras, sempre com entrada franca e acessibilidade a deficientes físicos. Entre as pré-estréias, o evento exibe três longas-metragens brasileiros, dirigidos pelas premiadas cineastas Eliane Caffé, Mara Mourão e Érika Bauer.


“Quem Se Importa”, de Mara Mourão focaliza o empreendedorismo social através de entrevistas com 19 entre os maiores nomes do setor, incluindo o Prêmio Nobel da Paz, o bengali Muhammad Yunus; o norte-americano Bill Drayton, fundador da Ashoka, uma entidade que prospecta empreendedores sociais ao redor do mundo; e o infectologista brasileiro Eugênio Scannavino Netto, que reduziu a mortalidade infantil de Santarém ao mesmo padrão de São Paulo e foi eleito pela mídia internacional como um dos 21 pioneiros do século 21.

Eliane Caffé focaliza em “Céu Sem Eternidade” as lutas e expectativas que envolvem a rede dos quilombos de Alcântara, no Maranhão. Trata-se de um trabalho de investigação coletivo realizado com a participação de estudantes e moradores locais durante o período de maio a agosto de 2010.

Érika Bauer apresenta em “E A Terra Se Fez Verbo” a região da Prelazia de São Felix do Araguaia, no Mato Grosso, e sua história de luta e resistência contra todo tipo de opressão. Seu principal personagem, Dom Pedro Casaldáliga, é retratado a partir dos depoimentos e histórias contadas por posseiros, índios e peões que atuaram e atuam em defesa de sua permanência na terra.

A programação destaca ainda a impactante produção argentina “Confissões”, de Gualberto Ferrari, na qual um ex-agente secreto do batalhão 601 de inteligência do exército argentino durante a ditadura militar (1976–1983) se confessa arrependido. Ao mesmo tempo, um jornalista e escritor, militante estudantil de uma famosa organização guerrilheira, revela sua amizade com o ex-agente, em uma paradoxal ironia do destino.

Filme de animação de temática rara para o gênero, o colombiano “Pequenas Vozes”, de Oscar Andrade e Jairo Eduardo Carrillo, inédito no Brasil, teve estréia mundial no prestigioso Festival de Veneza. A obra mostra, em desenhos e depoimentos, a pungente visão de crianças deslocadas de suas moradias e terras devido ao conflito armado em seu país.

Já no boliviano “Bala Perdida”, o diretor Mauricio Durán Blacut parte de uma experiência traumática: a morte de seu irmão, enquanto servia nas forças armadas. 28 anos depois, o cineasta parte em uma viagem buscando respostas.

Obras clássicas

O cardápio da 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul traz ainda obras clássicas, como “Bicho de Sete Cabeças”, uma denúncia contra os abusos de hospitais psiquiátricos protagonizada por Rodrigo Santoro; “Central do Brasil”, obra premiada no Festival de Berlim e estrelada por Fernanda Montenegro; “Chuvas de Verão”, cuja cena de amor entre os personagens de Jofre Soares e Míriam Pires foi considerada revolucionária por mostrar o nu, o amor e o sexo na terceira idade; e o primeiro filme cubano indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, “Morango e Chocolate” (1994), no qual os diretores Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío abordam, com talento e sensibilidade, temas como tolerância e discriminação.

No total, estão presentes nesta sexta edição do evento obras dos seguintes países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira/MinC e patrocínio da Petrobras, o evento é dedicado a obras que abordam questões referentes aos direitos humanos, produzidas recentemente nos países sul-americanos.

Serviço:
6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul
De 10 de outubro a 1º de dezembro, em 27 capitais brasileiras Em todas as cidades acontecem sessões com audiodescrição e closed caption, garantindo o acesso a deficientes visuais e auditivos.

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