Presidente da federação havia prometido divulgar dados em meados de dezembro, mas foi impedido por ação na Justiça suíça. Decisão desta terça (27) dá 30 dias para publicação. Ricardo Teixeira é um dos acusados de receber propina.
A Federação Internacional de Futebol (Fifa) terá de apresentar documentos relativos ao caso da International Sport and Leisure (ISL), empresa de marketing esportivo acusada de pagar propina a dirigentes esportivos de vários países. A decisão foi tomada pela Suprema Corte de Zug, estado suíço. O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e o ex-presidente da Fifa João Havelange estão entre os acusados de ter recebido verbas ilegais da companhia.
Responsável pela negociação de publicidade e direitos de transmissão de competições de futebol, a ISL faliu em 2001, mas permanece no centro de escândalos envolvendo a Fifa. Havelange chegou a deixar o cargo de conselheiro do Comitê Olímpico Internacional (COI) no início de dezembro para evitar o avanço de investigações sobre o caso – ao deixar o órgão, a sindicância foi arquivada. O atual presidente da Fifa, Joseph Blatter, mostra-se disposto a divulgar os dados dos contratos e serviços prestados pela empresa, mas ações judiciais movidas na Justiça da Suíça ainda adiavam a medida.
Em outubro, ele admitiu ter errado ao tentar evitar a publicação das informações e prometeu reverter a situação até 17 de dezembro. Duas pessoas não identificadas recorreram à Justiça para barrar a medida. Foi em relação a essa apelação que a decisão desta terça-feira (26) trata. A corte suíça decidiu que há "interesse público" no caso.
As identidades dos autores do pedido para se manter sigilosos os documentos do caso não foram divulgadas pelo Judiciário, mesmo diante da sentença. A Fifa terá de liberar o material em até 30 dias, mas ainda é possível recorrer da decisão.
Segundo a BBC, os envolvidos em propinas haviam feito anteriormente um acordo com a Justiça de Zug, assumindo a culpa e pagando uma multa equivalente a R$ 8,9 milhões, para que os documentos não fossem divulgados, nem sua condenação. Os valores pagos em propina são de US$ 100 milhões (R$ 186 milhões), ainda segundo a rede britânica.
Acusações recorrentes, desde os anos 1990, circundam a federação de futebol. Em maio deste ano, foram reveladas suspeitas de que o Catar, escolhido como sede da Copa do Mundo de 2018, teria comprado votos de federações pelo mundo.
Em outubro, o deputado federal Romário (PSB-RJ) chegou a defender que Ricardo Teixeira deixasse o cargo por causa das acusações caso o nome do presidente da CBF figurasse nos documentos revelados pela Fifa. O jornalista inglês Andrew Jennings, que esteve no Brasil neste ano, é o principal responsável pela publicação das denúncias envolvendo a ISL.
Fonte: Brasil Atual com informações do Sul21
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