terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sob ameaças da UE, Grécia protesta contra mais arrocho


Os líderes gregos enfrentam difíceis negociações nesta terça-feira (7) para tentar garantir um novo resgate internacional e evitar o não pagamento da dívida pública, presos entre uma greve nacional contra mais medidas de austeridade e as exigências da União Europeia para que o país aceite dolorosas reformas, que atingem em cheio os trabalhadores. 


Gregos protestam contra corte de salários / Foto: AP

O primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, negociou durante a maior parte da noite com concessores de empréstimos da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI), encerrando as conversas à meia-noite , quando a greve de 24 horas estava prestes a começar, fechando portos e pontos turísticos e paralisando o transporte público.

Pressionado pelo forte descontentamento social com as medidas impostas, e pela rejeição dos termos humilhantes como a Grécia tem sido tratada, o governo grego tem adiado a assinatura do acordo imposto pela União Europeia para poder ter acesso a um segundo pacote de financiamento, no valor de 130 mil milhões de euros.

Neste contexto, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nocolas Sarkozy, se apressaram, ontem, em falar com a imprensa para subir o tom das chantagens."A Grécia deve respeitar escrupulosamente os seus compromissos. Não tem outra opção que não passe por aprovar as reformas. O tempo está acabando e, se não o faz, bloquearemos os fundos”, declarou o presidente francês.

Depois de, supostamente, ter conseguido o mais difícil - um acordo com os credores privados para que estes aceitem uma redução de 50% dos seus créditos -, Atenas tem protelado a assinatura do acordo, recusando-se a aceitar as duras condições impostas a um país que vai para o quinto ano em recessão.

Com mais de meio país parado esta terça-feira, numa das greves gerais com maior adesão desde que a Grécia assinou o acordo com a troika, o governo liderado por um tecnocrata escolhido por Bruxelas já disse aceitar despedir 15 mil funcionários públicos este ano (150 mil, até 2015). A diminuição do número de funcionários públicos é uma das condições impostas para que Atenas receba o novo lote de ajuda.

Depois do primeiro plano de austeridade ter arrastado o país para uma crise sem precedentes, Bruxelas e o FMI pretendem acelerar o programa de arrocho e diminuição do peso do Estado. Entre as outras medidas impostas para o novo socorro financeiro, estão a diminuição de 20% do salário mínimo (de 750 euros para 600 euros por mês), o fim dos 13º e 14º meses no setor privado, diminuição dos dias de férias, flexibilização do mercado de trabalho e diminuição das despesas com o serviço público de saúde.

Paralisação
Durante a paralisação de 24 horas, iniciada nesta manhã, a polícia grega disparou granadas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que tentavam romper um cordão de segurança na Praça Syntagma, em frente ao parlamento, em Atenas. No local, estão milhares de pessoas em protesto contra as medidas de austeridade.

No centro de Atenas, turistas se amontoavam do lado de fora da Acrópole e o transporte público estava interrompido nas horas de pico da manhã. Os hospitais públicos funcionavam com o número mínimo de trabalhadores, e professores, bancários e funcionários de telecomunicações também devem se juntar ao movimento. 

Os líderes gregos de partidos enfrentam uma eleição geral possivelmente em abril e relutam em aceitar mais medidas de aperto em cima de uma série de cortes de gastos estatais, aumentos de tributos e demissões imposta desde o primeiro programa de ajuda externa da Grécia, em 2010.

Com agências

Apud P. Vermelho

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