segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Exército entra em confronto com protesto pró-greve da PM na Bahia


Um grupo de manifestantes que apoia os policiais militares em greve que se concentram na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, entrou em confronto com homens do Exército e policiais que cercam o local na manhã desta segunda-feira (6).


Foto: Raul Spinassé/Agência A Tarde/AE
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Manifestante atingido por balada de borracha nas imediações da Assembleia.
Desde o início do dia, cerca de 600 homens do Exército, além de 40 agentes do Comando de Operações Táticas (COT) isolam a área na tentativa de garantir a livre circulação e o funcionamento do Centro Administrativo da Bahia (CAB). O isolamento da área também visa facilitar o cumprimento pela Polícia Federal de 11 mandados de prisão contra integrantes do movimento grevista.

A presença dos manifestantes no local gerou conflito com os homens que fazem o policiamento na região. Tiros de borracha chegaram a ser disparados contra o grupo, que avançou na direção dos soldados.





PCdoB-Bahia defende negociação entre PM e governo


O impasse sobre a greve da Polícia Militar continua na Bahia. Na manhã desta segunda-feira (6/2), um contingente da Força de Segurança Nacional e do Exército cercou a Assembléia Legislativa, onde policiais e alguns familiares estão acampados, com o objetivo de desocupar o prédio. Atento aos fatos, o presidente do PCdoB da Bahia e deputado federal, Daniel Almeida, defendeu mais uma vez a necessidade de negociação como a melhor forma de superar o impasse e resolver a questão.


Segundo o parlamentar, o PCdoB está fazendo todo o esforço, no sentido de resolver o impasse que está colocado e retomar a normalidade na área de segurança pública, a normalidade democrática. “É fazer com que a lei seja cumprida e para que isso aconteça, tem que ver os caminhos para a desocupação da Assembléia Legislativa e cumprir as decisões judiciais. E que isto seja feito sem violência, com o objetivo de preservar a integridade das pessoas, de garantir as condições para que a segurança pública seja restabelecida, que a população tenha tranqüilidade, que este clima de tensão seja cessado. O caminho que agente entende para isso, é o caminho do entendimento, da negociação. Cumprir a lei, mas, buscando pacientemente o entendimento e a negociação”, afirma.

Almeida ressalta ainda, que o partido reconhece que as reivindicações dos policiais são justas, assim como as dos servidores públicos. “Mas, não se pode fazer o encaminhamento das reivindicações usando os mecanismos de violência, prejudicando toda a sociedade e toda a população”, acrescentou o presidente do PCdoB.

De Salvador,
Eliane Costa.



CTB publica nota e defende greve da PM da Bahia


Desde a última terça-feira (31), a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do estado da Bahia estão mobilizados na luta por valorização salarial e melhores condições de trabalho. 


Dentre as reivindicações, a paralisação, que completa sete dias, nesta segunda-feira (06), exige reajuste de 17%, passando por incorporações de gratificação ao soldo (remuneração), regulamentação do pagamento de auxílio acidente, periculosidade e insalubridade. 

Nesta segunda-feira (06), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) saiu na defesa dos trabalhadores parados e publicou nota, na qual informa sua indignação a forma como o movimento vem sendo tratado.

Leia a íntegra:

A CTB e a greve da PM da Bahia 

A CTB acompanha com indignação os desdobramentos da legítima greve da PM baiana que hoje chega ao seu sétimo dia. Os trabalhadores e trabalhadoras da Polícia Militar da Bahia lutam por melhores salários, pagamento de gratificações, insalubridade e periculosidade, reivindicações estas que encerram uma pauta justa.

No cenário de democracia pelo qual passam o Brasil e a Bahia, o diálogo é o melhor caminho para solucionar conflitos trabalhistas. E é disso que se trata a greve na Bahia. A relação de insatisfação com os baixos proventos face ao alto grau de periculosidade por que passam as corporações não é exclusividade dos policiais baianos. Em 2011 irrompeu greve nas corporações do Ceará, da Paraíba, de Rondônia, do Maranhão, nos Bombeiros do Rio de Janeiro, além de insatisfação em diversos outros estados.

Esta pauta poderia ser vencida caso fosse aprovada a PEC 300 que criaria o piso nacional para todos os policiais militares e bombeiros, em tramitação no Congresso Nacional desde 2008.

Atos como a decretação da ilegalidade da greve e a descaracterização da representação sindical e de suas lideranças são fatos corriqueiros para o movimento sindical, estes são considerados como práticas antisindicais. Problema que poderia ser resolvido com o reconhecimento do direito à sindicalização e à negociação coletiva para os servidores contidos na convenção 151 da OIT.

A tentativa de imputar crimes ao movimento grevista – deleite para a grande mídia -, a utilização do exercito brasileiro fora de suas prerrogativas e a prisão da direção do movimento são práticas condenáveis tomadas por aqueles que deveriam prezar pelo dialogo.

Exigimos a imediata abertura do dialogo entre governo e grevistas como forma de solucionar o impasse, para o bem da Bahia e dos baianos.

Apoiamos governos progressistas, sim, dialogamos com o empresariado, quando necessário, porém, nossa opção é ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, por isso a CTB esteve, está e estará apoiando e participando desta luta e de todas as lutas da classe trabalhadora.

CTB, a luta é prá valer.

(...)
Os manifestantes passaram a se posicionar em frente ao jardim da Assembleia e a cantar em protesto contra o policiamento.

Segundo o coronel tenente-coronel Cunha, responsável pela área de Comunicação do Exército, o cerco é para permitir também que funcionários da Assembleia possam entrar no local e garantir a segurança de uma equipe que negocia com os grevistas a pacífica desocupação do prédio.

Estão na região da Assembleia conversando com os manifestantes o secretário da Segurança do estado, Maurício Barbosa, o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, e o general G.Dias, comandante das forças de segurança na Bahia.

Quase 100 mortos

Parte dos policiais militares da Bahia está em greve desde a noite de terça-feira (31). Desde o início da paralisação, o número de homicídios em Salvador e região metropolitana aumentou 129% em comparação ao mesmo período da semana anterior. Das 21h de terça (31) até as 4h49 desta segunda, foram registrados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) 89 homicídios.



No domingo foram registrados oito casos de assassinatos. Seis desses crimes foram cometidos em bairros de Salvador: três em Valéria, um em Marechal Rondon, um em Itinga e um em Pau da Lima. Os outros dois ocorreram em cidades vizinhas à capital, Madre de Deus e Candeias.

O Comando da 6ª Região Militar, que representa o Exército Brasileiro na Bahia, disponibilizou um número telefônico para receber denúncias e outras informações por parte da população. O contato é (71) 3320-1972.

Dirigente da associação de PMs é preso

Um soldado da PM e dirigente da Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares do Estado Bahia (Aspra) foi preso na madrugada de domingo (5), segundo o governo do estado, e encaminhado à sede da Polícia do Exército, na Avenida Paralela, em Salvador.

O PM é lotado na Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental (COPPA). Segundo o governo, ele é suspeito de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público, referente à retenção das viaturas.

A prisão dele é a primeira cumprida dos 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça da Bahia contra integrantes do movimento grevista.

A Polícia Militar recuperou, na tarde de sábado (4), 16 carros oficiais que estavam em poder dos grevistas, na Assembleia Legislativa, em Salvador. Os mandados de reintegração de posse foram expedidos na manhã de sábado.

Negociação
O Governo do Estado da Bahia ofereceu na noite de domingo (5) reajuste de 6,5% a partir do dia 1º de janeiro aos PMs em greve, segundo o secretário de comunicação Robson Almeida. Ele disse ainda que a proposta não oferece anistia aos policiais que tiveram prisão preventiva decretada. 

O governo informou também que está aberto a negociações com os PMs, desde que eles suspendam a greve. O líder do policiais militares em greve na Bahia, Marcos Prisco, disse nesta segunda-feira (6) que a categoria rejeitou a proposta do governo. "Essa proposta é linear e vale para todos os servidores públicos. Ela já foi feita e recusada há duas semanas", afirmou.

Autuação federal

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou sábado que já fez o pedido de reserva de vagas em presídios de segurança máxima para encaminhar, caso seja necessário, os policiais militares que tenham cometido algum tipo de crime durante a mobilização grevista.

O governador da Bahia, Jaques Wagner, tentou tranquilizar a população do estado em cerca de três minutos de pronunciamento oficial, transmitido pelas emissoras de rádio e TV por volta das 20h15 de sexta-feira (3). 

Ele reafirmou a “intranquilidade” vivida desde o início da greve, que tem resultado no fechamento antecipado do comércio, violência na rotina do trânsito e contra a população. “Estamos tomando providências para conter ações de um grupo de polícia usando métodos condenáveis e difundindo o medo na população, causando desordem”, afirmou.



Fonte: da redação, com Portal vermelho e informações do G1




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