segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Disco de ouro do Rei do sax


Yuno Silva
repórter

Aos doze anos ele queria mesmo era ser jogador de futebol. Meio campista bom de bola e, como se diz no jargão futebolístico raçudo, queria ser artista dos gramados. Se fosse seguir os planos da mãe, Vando, seu apelido familiar, deveria trilhar a carreira de advogado. Filho de bóias frias pernambucanos, Ivanildo José da Silva estava interno no colégio Salesiano do Recife quando foi apresentado à música -um encontro que mudou sua vida. Hoje, do alto de seus 78 anos oficialmente declarados, o experiente Ivanildo Sax de Ouro, 2º Tenente da reserva da Aeronáutica, está em plena atividade e acaba de concluir a gravação do novo disco comemorativo dos 60 anos de carreira. Com direção musical de Chico Beethoven e Jubileu Filho, é o primeiro gravado em solo potiguar, e Ivanildo aguarda apenas o sinal da gravadora para marcar a data e transformar o material num Sogbook (com partituras).
alex régisO mais famoso saxofonista potiguar, Ivanildo Sax de Ouro, acaba de finalizar a gravação do Song Book, seu primeiro trabalho   gravado em Natal, sob a direção de Chico Beethoven e Jubileu FilhoO mais famoso saxofonista potiguar, Ivanildo Sax de Ouro, acaba de finalizar a gravação do Song Book, seu primeiro trabalho gravado em Natal, sob a direção de Chico Beethoven e Jubileu Filho

Com 61 anos de carreira, 29 álbuns gravados, mais de dois milhões de cópias vendidas, um disco de platina e quatro de ouro, o músico lembra com carinho quando foi literalmente convocado para se integrar à banda de música da escola. "Estava na beira do campo quando o professor chegou e disse pra me apresentar na sala de ensaios da banda depois do jogo. Já cantava no Coral, tinha noção de música, e estudei seis meses antes de escolher qual seria meu instrumento", contou o calejado e simpático senhor de camisa florida de seda - uma de suas marcas registradas.

Fã confesso de Charlie Parker e Mozart, Ivanildo nasceu em Amaraji (PE), foi registrado em Aquiraz (CE) e mora há cerca de 36 anos em Parnamirim, município da Região Metropolitana de Natal, em uma espaçosa casa onde guarda com precioso cuidado memórias e lembranças dos tempos do bolachão. "Sou do tempo que para ganhar um disco de ouro tinha que vender 250 mil cópias em 30 dias - platina significa 500 mil nesse mesmo período", orgulha-se, apontando para a parede de seu estúdio/escritório onde as capas dos LPs estão cronologicamente arrumadas.

Acervo

O espaço já está pequeno para acomodar todas as condecorações, medalhas, fotos, posteres e cartazes, recortes de jornal e sua coleção de suvenires, entre eles uma raridade: Ivanildo ganhou da gravadora carioca CID uma garrafa de uísque distribuída no casamento do Príncipe Charles com Lady Diana, em 1981. "Está lacrada, eu não bebo". De fato, seu escritório tem muitas, todas intactas.

Sobre seu apelido, o potiguar (pois Ivanildo recebeu o título de cidadão norte-riograndense oferecido pela Assembleia Legislativa) recorda que Sax de Ouro surgiu quando morava em Fortaleza. "No início dos anos sessenta, tocava muito nos principais clubes da capital cearense e o colunista Bayard, do Correio do Ceará, me chamou em sua coluna pelo codinome Sax de Ouro. O apelido pegou na hora, e a partir de 1979 passei a assinar meus discos dessa maneira", contou.

"Ontem, hoje e sempre"

Prestes a lançar seu 11º CD, "Ivanildo O Sax de Ouro - Ontem, Hoje e Sempre. 60 anos de carreira volume 10", o músico ainda está em negociação para renovar seu contrato com a gravadora carioca CID Entertainment Ltda (antiga Companhia Industrial de Discos), da qual é contratado há 33 anos. "O disco já está pronto, mas só posso lançar depois de resolver essa questão. Estão estudando a contraproposta que fiz", adiantou o artista. 

O álbum, o primeiro produzido no RN, é composto por 11 faixas - sendo quatro autorais "Mundinha" (parceria com Estênio Campêlo), "Pra ela", "Dona Jú" e "Minha Lúcia", esta última homenagem à esposa Maria Lúcia Sampaio da Silva, com quem tem quatro filhos. "Nenhum seguiu a carreira musical, deixei eles escolherem e hoje estão todos formados, bem encaminhados na vida", disse o orgulhoso Ivanildo.

Este novo álbum, ainda sem data de lançamento e com planos de sair como Song Book, também conta com duas canções da dupla Roberto e Erasmo Carlos, "Emoções" e "A Distância", cuja regravações foram autorizadas pelo próprio Rei.  "Conheço Roberto desde o início da carreira", disse. 

Foram seis meses de trabalho no estúdio da Beju Produções, e teve direção musical do próprio Sax de Ouro e dos irmãos Jubileu Filho e Chico Bethoven, que também acompanharam o veterano como instrumentistas, e mais Di Stéffano na bateria, Paulo Milton de Oliveira (baixo), Paulo Eduardo (teclado) e Eduardo Taufic (samples de cordas). A ficha técnica completa ainda inclui Eduardo Pinheiro (mixagem), Henrique Pacheco (técnico de gravação), Beta (fotos) e Renan (arte da capa). 

"É importante botar o nome de todo mundo aí", frisa o músico. "Inclusive vale registrar que as secretarias de Educação e Cultura de Parnamirim estão me convidando para shows aqui no Estado", comemora. Para Ivanildo, falta valorização local aos artistas potiguares - uma reclamação generalizada, tanto da nova como da velha guarda.

"Só faço show onde chega avião"

Ivanildo faz uma média de 5 a 6 shows por mês fora do Estado. "Há doze anos participo do projeto Clube do Choro do Brasil, em Brasília, e continuo me apresentando em Fortaleza e Recife. Também faço bastante festas particulares", lembrou. Pela idade, diz que só faz show onde chega avião: "Esses dias me chamaram para um show no interior de Tocantins, ou seja, dois aviões mais cinco horas de carro. Não dá mais. Estou cansado dessa correria", garante.

Fonte: TNOnline

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